EXISTE INFERNO E ALMA IMORTAL NA BÍBLIA? O QUE QUER DIZER O TERMO ETERNO NA LINGUA GREGA?

 

O termo "eterno" em grego

A palavra grega (aionios), que é traduzida como "eterno" em português, tem o significado básico de "que dura para sempre", "que não tem fim". Ela pode também ser associada aos princípios fixos do Universo. No entanto, seu significado exato pode variar de acordo com o contexto em que é usada. Vamos ler alguns versos onde esta palavra é empregada:

"E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno." (Daniel 12:2)

Assim como se tem vida eterna no sentido de existir para sempre, os condenados serão envergonhados e desprezados em condição eterna. Para haver uma vergonha eterna, sem fim, não pode haver aniquilação da consciência.

Alguns negam a história do rico e de Lázaro. No texto de Lucas (16:19), o senhor Jesus usa o termo havia trazendo consigo um sentido histórico: "havia uma homem... e havia também...", e ainda cita os nomes de alguns personagens, como Abraão e Lázaro. Não pode ser uma comparação, uma visão sem sentido ou uma metáfora. A mesma palavra é empregada no livro de Jó: "havia um homem na terra de Uz... " (Jó 1:1). Em ambos os casos o sentido é que essas histórias são reais.

Portanto, negar a existência de um corpo espiritual e do inferno é negar a verdade do filho de Deus e a bíblia diz que os mentirosos não herdarão o reino de Deus.

A imortalidade da alma

Além da passagem do rico e Lázaro o senhor Jesus e seus apóstolos falaram da realidade de uma alma ou corpo espiritual. Analise as palavras ou expressões em negrito:

"À universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados." (Hebreus 12:23). 

Não faria nenhum sentido verter esse texto assim : "... os fôlegos dos justos aperfeiçoados". Veja abaixo o que o senhor Jesus afirma: 

"E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo." (Mateus 10:28).

Entenda com toda a sinceridade que Cristo enfatiza o corpo como algo diferente da alma. Seria um absurdo ele dizer: "E não podem matar o sangue, sopro; "... fazer perecer no inferno o sopro e o corpo". O fôlego se perde antes mesmo de alguém descer à sepultura, logo Cristo fala de uma alma que não pode ser aniquilada.

Os que sustentam a doutrina de um ser humano semelhante a um animal que morre e se desliga, de modo um tanto insolente negam as afirmações de Cristo e a imagem de Deus no homem o qual foi formado de alma, espírito e corpo. No contexto da Bíblia, a palavra (nefesh) geralmente se refere à vida humana, tanto física quanto espiritual. Por exemplo, em Gênesis 2:7, a Bíblia diz que Deus criou o homem e lhe deu (nefesh chayah), que significa "alma vivente". Nesse versículo, a palavra (nefesh) é usada para indicar que o homem é um ser vivo, com uma alma que o anima.

O que alguns não percebem durante o ato criativo de Deus é que todos os seres vivos, aves, peixes e animas foram criados pela palavra de Deus, já o homem recebera um fôlego especial em suas narinas e se tornou em alma vivente. De nada adiantaria o corpo de Adão ter apenas um mecanismo ou sistema respiratório se o mesmo não recebesse uma alma que fizesse o seu aparelho respiratório funcionar e trabalhasse a respiração em seu corpo físico. Assim, entende-se que o fôlego ou repiração é uma forma de sobrevivência física para homens e animais, no entanto, a alma do homem é um ser substancial e imortal à semelhança de Deus e não dos animais. Os animais morrem e são desligados, mas o homem permanece consciente mesmo após a morte. As palavras de Cristo e outros textos confirmam isso.

Outro ponto a se observar é o fato de Elias ter ido ao céu em um redemoinho. O apótolo Paulo afirma que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção (1 Coríntios 15:50). Então fica claro que ele entrou no reino dos céus com um corpo transformado e espiritual. A oposição à passagem de Elias indo ao céu seria inventar que ele entrou em um planeta qualquer, mas Paulo ensina que se há corpo natural, há também corpo espiritual:

"Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual. " (1 Coríntios 15:44)

Fato é que Elias foi arrebatado e entrou no céu, contrariando alguns que ensinam acerca de um céu não inaugurado e o mesmo afirmam sobre o inferno. Lamentável!

As almas debaixo do altar

Como o sangue é vida ele também é chamado de alma em alguns textos bíblicos. Na tentativa de explicar quem são as almas clamando embaixo do altar no texto de Apocalipse um certo doutor afirma se tratar de sangue. Mas vamos aos detalhes do texto :

"E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram." (Apocalipse 6:9-11)

Mesmo que se tente justificar o termo "almas" como sendo "sangue" baseando-se nas palavras de Deus quando o mesmo fala do "clamor" do sangue de Abel, não é o que João quer dizer na passagem supracitada, pelas seguintes razões:

  1. Os detalhes acerca dessas almas são ricos.
  2. Elas clamam exaltando a Deus e falam por si mesmas.
  3. O sangue de Abel "clamando" a Deus é uma expressão figurada, mas almas no texto apocalíptico são pessoas e o termo está no plural.
  4. As almas recebem respostas.
  5. A voz que falou com elas não é de um louco a ponto de conversar com um sangue ou fôlego.
  6. Elas receberam vestes cumpridas. Só um doido daria vestes para um sangue ou sopro se vestir.
  7. Não é uma passagem simbólica ou metafórica, pois João está falando que viu e ouviu essas almas (do texto se deduz que João ouviu também).
  8. Sangue ou sopro não precisa de repouso, pessoas sim.
  9. O repouso não era porque estavam cansadas e sim ansiosas pela justiça divina contra os seus assassinos.
Qualquer seita ou ignorante usará de artifícios para afirmar que esse texto se refere ao sangue e até mesmo para distorcê-lo. A primeira artemanha para se negar o inferno é negar primeiramente a existência de uma alma imortal ou corpo espiritual. É óbvio que Deus ressuscitará o nosso corpo natural e nada mais justo que devolver-lhe a nossa alma na ressurreição.

O tormento eterno

Leia agora o seguinte verso :

"E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna." (Mateus 25:46)

No grego, eterno quer dizer: "indestrutível", "que não para", "que dura para sempre" e é usado também para tempo indeterminado. No texto que lemos o termo "aionios" não pode ser algo que se aniquila, mas que não tem fim, que não para de acontencer. As razões são:

  1. Tormento eterno não é o mesmo que aniquilação ou destruição, seria contraditório.
  2. Se haverá vida eterna, vida sem fim, como recompensa para os justos, da mesma sorte os injustos serão atormentados para sempre.
O senhor Jesus alertou os judeus que o rejeitassem e elogiou os pagãos que o aceitassem pela fé:

"Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, e Isaque, e Jacó, e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora. E virão do oriente, e do ocidente, e do norte, e do sul, e assentar-se-ão à mesa no reino de Deus". (Lucas 13:28,29)

A expressão: "Ali haverá choro e ranger de dentes" não traz a ideia de aniquilação, mas de um tormento consciente, ranger de dentes e prantos. O mestre ainda declara que os seus olhos verão os salvos em Cristo no lado oposto tal como revela na história do rico e Lázaro. Deus sabe como isso ocorre, alguns porém chamam o nosso verdadeiro mestre Jesus de mentiroso, negando o que eles diz em suas palavras. Esses receberão uma justa condenação. Deus não aceitará tanta teimosia e resistência à sua verdade e os que fazem isso são chamados de mentirosos e os tais serão lançados no fogo eterno. Não importa se você se considera um cristão ou não. O juízo de Deus não faz acepção de pessoas.

"Ele tem a pá na sua mão; e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga." (Lucas 3:17)

João Batista que era um profeta destemido ousou a comparar o destino dos rebeldes como a palha queimada em um fogo que não se apaga. A palavra grega (ἀσβέστιος ) para "inextinguível" quer dizer algo indestrutível, que nunca se apaga e é certo que João não se referia a qualquer fogo terreno que um dia se apagaria. Os termos eterno e inapagável no grego são diferentes e devemos olhar isso com seriedade, já que nos dois casos citados se referem ao castigo eterno, isto é, sem fim. Não haveria necessidade de um fogo inextinguível para corpos que serão aniquilados.

O corpo espiritual

Os teólogos que negam a imortalidade da alma ou que temos um espírito se baseiam principalmente nos ditos de Salomão:

"Quem sabe que o fôlego do homem vai para cima, e que o fôlego dos animais vai para baixo da terra? " (Eclesiastes 3:21)

Salomão não faz nenhuma afirmação nesse verso. Ele faz apenas uma indagação. Aliás, qual a necessidade de um sopro voltar para Deus? E se 
foi Deus quem fez a ambos, animal e ser humano, e eles têm o mesmo fôlego (Ec 3:21), por qual razão o sopro dos animais desceria e o do homem subiria? 

Observe sinceramente que Salomão não faz nenhuma afirmação de que o homem tem apenas um fôlego, mas sim que tem um fôlego. Já no verso 7 do capítulo 12 do mesmo livro ele afirma que o fôlego humano volta a Deus após a morte em sintonia com o que ele mesmo diz em 3:21. No final das contas, como se trata de um livro de sabedoria e de experiências humanas o objetivo de Salomão era mostrar como ele enxergava a morte e não como um princípio espiritual. 

Por outro lado não faria nenhum sentido o fôlego de um ímpio voltar para Deus, ainda mais um simples fôlego ou respiração como alguns entendem! Além disso, tal compreensão não se coaduna com as doutrinas de Cristo e dos apóstolos cujo interesse era levar os pecadores ao conhecimento espiritual do evangelho de Cristo, tais como: a fé, o inferno, a alma, as trevas exteriores, o julgamento, a salvação, etc.

Se a palavra espírito referida por Salomão for entendida como algo substancial (um ser espiritual) e não como uma simples respiração, então, seria de melhor entendimento o fato de que todos os espíritos estão sob a guarda de Deus até o julgamento. Mas longe de se limitar a apenas dois versos de Salomão como alguns gostam para sustentar as suas teorias, vamos avançar com mais provas da existência de um corpo espiritual.

Para algumas denominações religiosas prenderem os seus seguidores, as doutrinas da alma imortal e do inferno devem ser negadas e evitadas. Vamos ler o que Paulo diz em sua experiência:

"Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo, não sei, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar." (2 Coríntios 12:2-4)

O apóstolo Paulo cita a possibilidade de ter sido arrebatado ao céu fora de seu corpo e isso não pode ser contestado. Esse entendimento nos leva mais uma vez admitir a existência de um corpo espiritual, além do físico! Ele disse:

"E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Tessalonicenses 5:23).

Vamos modificar esse texto segundo o entendimento ridículo de alguns grupos religiosos:

"... e todo o vosso fôlego, e sangue, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo." (1 Tessalonicenses 5:23)

Nessa passagem espírito (pneuma) e alma (psychē) são elementos imortais no entendimento do apóstolo Paulo. Mesmo que Paulo quisesse indicar o homem como um todo como alguns entendem, vimos que ele entendia o ser humano como possuindo um corpo espiritual ao contar a sua experiência celestial: "... se fora do corpo não sei". Outra passagem que vê o homem com elementos imortais separados, longe de limitar a sentimentos e emoções, está na carta aos Hebreus:

"Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." (Hebreus 4:12).

Agora entenda isso: alma (onde estão o intelecto, os pensamentos), espírito (onde estão as intenções do coração, consciência), juntas e medulas (são partes que se referem ao corpo físico), provam que o homem é tridimensional. Todas as emoções, pensamentos, desejos e intenções estão na alma e no espírito humano! Precisamos lembrar de como João foi arrebatado em espírito e escreveu tudo que viu e ouviu no mundo espiritual? Ele chorou e mais tarde se ajoelhou diante de um anjo para adorá-lo. Se ele estivesse apenas tendo visões a partir de seu próprio corpo na ilha de Patmos os outros prisioneiros o chamariam de louco com tais reações. Imagine então ele escrevendo e conversando sozinho sem que os outros entendessem o que estava acontecendo!

Se isso não te convence lembre-se de que os profetas que tinham visões não recebiam o convite que João recebeu: "... subi cá... " (Ap 4:1). A mesma ordem será dada às duas testemunhas após ressuscitarem: "... Subi para aqui... " (Apocalipse 11:12).

Agora atente para os textos a seguir:

"Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus." (1 Coríntios 2:11)

Paulo cita o espírito do homem como semelhante ao Espírito de Deus. Ele quer dizer que a consciência ou a mais profunda ciência de nossos atos fica gravada em nosso espírito e não meramente em nosso cérebro e muito menos em um "fôlego". Somos imagem e semelhança de Deus e não de animais. Somos um espírito, possuímos um alma e habitamos em um corpo. Somo à semelhança de Deus: Pai, Filho e Espírito Santo.

"Se ele pusesse o seu coração contra o homem, e recolhesse para si o seu espírito e o seu fôlego." (Jó 34:14)

O verso acima faz diferença entre espírito e fôlego. Em nenhum momento cita os mesmos como se fossem um pessoa física como alguns distorcem, uma vez que a palavra "homem" já foi mencionada antes do termo "espírito".

Outro verso incontestável de que possuímos um corpo espiritual está na carta de Paulo ao coríntios. leiamos:

"Por isso estamos sempre de bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos no corpo, vivemos ausentes do Senhor (Porque andamos por fé, e não por vista). "Mas temos confiança e desejamos antes deixar este corpo, para habitar com o Senhor." (2 Coríntios 5:6-8)

O desejo de Paulo era deixar o seu corpo físico para estar com o senhor e aqui deixa claro que temos um corpo espiritual. Ele não disse: "Quero morrer e ressuscitar para estar com o senhor". O escritor ao Hebreus revelando sempre em sua carta grande sabedoria espiritual, disse:

"Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos?" (Hebreus 12:9)

É extremamente ridículo acreditar que o Criador no fez à sua imagem e semelhança dando-nos apenas um corpo animado por um simples fôlego ou respiração. O apóstolo Paulo orientando aos irmãos de Corinto, disse-lhes:

"E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas." (1 Coríntios 14:32)

O termo "espíritos" aqui não quer dizer a própria pessoa como alguns ensinam. Do contrário, o verso ficaria assim: "os profetas estão sujeitos a si mesmos." Troque a palavra espírito por fôlego, sentimento, sopro também e verá que não fará o menor sentido. Lembre-se que temos um homem interior - o nosso espírito que possui uma alma ou vida.

O nosso homem interior jamais perderá a consciência após a morte como provamos com os versos acima. Apenas troco algumas palavras para ser mais didático ao leigo e para mostrar quão absurdo seria pensar como alguns entendem. Não nego que em alguns textos do Novo e do Antigo Testamento a palavra espírito se refira à própria pessoa, ao fôlego, ao ânimo, etc. Mas distorcer o que Jesus e os apóstolos afirmam sobre o nosso corpo espiritual é desonesto e herético. Veja o próximo verso:

"Porque, se eu orar em língua desconhecida, o meu espírito ora bem, mas o meu entendimento fica sem fruto. " (1 Coríntios 14:14)

"Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento." (1 Coríntios 14:15)

Há um contraste entre espírito e entendimento nesses dois textos. O dom do Espírito Santo é comunicado ao espírito humano que reproduz as línguas estranhas. Porém, a mente não entende nada porque são línguas desconhecidas para quem fala. O teólogo que afirma que o espírito é a própria pessoa deveria tentar modificar o ultimo texto assim:

"Que farei, pois? Orarei, mas também orarei com o entendimento; cantarei, mas também cantarei com o entendimento."

Teria de remover o termo espírito das duas partes do texto e até mesmo a expressão: "orarei com o entendimento", pois se o espírito é o próprio homem como um todo, segundo alguns teólogos ensinam, então bastava Paulo dizer: "Orarei em outra língua e orarei em minha língua; cantarei em outra língua e cantarei em minha língua". Isso modificaria o texto original, já que não se trata de falar em outro idioma estudado e compreendido e sim no poder do Espirito Santo.

Cada um dos elementos de nosso ser, espirito, alma e corpo tem a sua própria função. Da mesma forma o Pai, o Filho e o Espírito Santo têm funções diferentes em sua divindade.

A realidade do inferno no Antigo Testamento

Os judeus também acreditavam no inferno, basta uma análise sincera para entender:

No versículo do Salmos 9:17, a palavra traduzida para inferno do hebraico é (sheol). Esta palavra é usada na Bíblia para se referir também à habitação dos mortos, tanto dos justos quanto dos ímpios. No entanto, no contexto do Salmo 9, a palavra (sheol) provavelmente esteja se referindo ao lugar de punição dos ímpios.

A palavra (sheol) é derivada da palavra hebraica (shu'ah), que significa "gritar pedindo ajuda" ou "clamor". Isso sugere que (sheol) é um lugar de sofrimento e angústia. Não é de admirar a história do rico no Hades (Sheol em hebraico e Hades em grego). O senhor Jesus nos mostra o rico no lugar de tormento (Sheol ou Hades) e Lázaro no seio de Abraão e um grande abismo separando-os. A bíblia não cita em passagem alguma o porquê de um lugar de paz estar tão próximo de outro de tormento. E parece que os clamores dos que estavam com o rico em nada perturbavam a paz de Lázaro e de Abraão: "... e agora este é consolado e tu atormentado". (Lc 16:25)

Fico admirado como os discípulos de Cristo nunca o questionaram sobre essa passagem e ainda o evangelista Lucas a escreve com tantos detalhes que é impossível duvidar. A expressão "... e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão" (Lucas 16:22), implica que que temos de fato um corpo espiritual, assim como percebemos o rico sofrendo em chamas após a sua morte; vendo e falando em plena consciência de sua família: "... tenho cinco irmãos".

Se sheol em Salmos 9:17 traz o sentido apenas de sepultura, então temos um problema. O salmista diz que todos os ímpios e os apóstatas são lançados no sheol, mas não mencionam os justos! Tanto justos como ímpios vão para a sepultura, porém, nesse caso o profeta cita apenas os ímpios indo para o sheol, dando a entender que não se trata de uma sepultura ou apenas um lugar para justos e injustos,  mas sim um lugar de punição para eles. De igual modo sheol, no mesmo verso, não se limita às profundezas de um mar conforme alguns pensam, já que o abismo das águas nunca foi lugar de castigo para ímpios e nações.

"Os mortos tremem debaixo das águas, com os seus moradores. O inferno está nu perante ele, e não há coberta para a perdição". (Jó 26:5,6)

O termo "mortos" do hebraico pode significar que morreu recentemente ou há muito tempo.

Algumas interpretações sugerem que os mortos a que Jó se refere são os animais marinhos. Entretanto, todas as vezes que o mar e os seus animais são citados por profetas e músicos eles sempre são seres vivos e não mortos. O contexto do verso 6 nos dá a dica de que esses mortos são os que foram para a perdição. O termo "perdição" do hebraico quer dizer, entre outros, perder, destruído, perder todos os bens, foi e não é, se foi, não encontrado. Portanto, as várias acepções para perdição no hebraico, e especialmente no verso em questão, sugerem alguém que perdeu a vida e a felicidade. Judas foi chamado "filho da perdição" porque o próprio Deus perdeu a posse da vida dele. Ele mesmo escolheu o seu destino.

Quando Jó exalta a onisciência e a onipresença de Deus ele entende que os mortos no sheol, privados da vida e ocultos aos nossos olhos, tremem. Alguns sugerem que esse tremor se dá por conta de sua consciência da majestade santíssima divina. De qualquer forma, esses mortos foram destruídos (morte física) e foram privados de tudo o que tinham na vida e da misericórdia do próprio Deus! Os antigos de vários países se referiam às águas profundas como algo misterioso e desconhecido e até mesmo ao mundo dos mortos, talvez seja por isso que Jó faz referência a elas para ilustrar lugares escuros, desconhecidos ao homem natural e profundos onde os mortos estão.

Sheol aqui não pode significar somente uma sepultura física, pois esta não está longe do conhecimento humano e nem águas profundas (como alguns interpretam), visto que hoje em dia temos mergulhadores e tecnologia para conhecer suas profundezas, pelo menos até onde conseguiram. A parte mais profunda do oceano que é coberta por águas escuras e frias está a mais de 10.000 metros de profundidade. Por ora, as águas profundas e as sepulturas não estão ocultas aos olhos humanos, mas o mundo dos mortos (sheol) sim. Deus conhece além disso e os mortos que morreram em seus pecados sabem disso, estão conscientes e tremem! Portanto, a palavra inferno se encaixa perfeitamente aqui, pois isso está oculto aos olhos humanos, mas existe!

Observe no contexto de Jó 26:5,6 que ele fala da onisciência e onipresença do justo juíz.

O abismo espiritual

Leia o texto a seguir:

"E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome? E ele disse: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios. E rogavam-lhe que os não mandasse para o abismo." (Lucas 8:30,31)

Até mesmo os demônios queriam evitar o abismo porque bem sabiam que não é um lugar agradável nem mesmo para eles que são perversos. Fogo, gritos, tormentos, desespero, sede, pesar e sensação de abandono, densas trevas, seres pavorosos (Ap 9:7-11), desprezo e saudades. Olha, esse lugar é real. Fuja dos que ensinam o contrário negando verdadeira fé. Os espíritos malignos suplicavam a Jesus e, possivelmente, tremiam de medo! São milhares de testemunhos de pessoas que tiveram visões e até foram ao inferno e todas retratam a mesma experiência de horror e consciência, o que comprova a realidade de uma alma que não morre. Tais experiências foram tidas por pessoas de várias religiões, ex-ateus, ex-muçulmanos, ex-budistas, ex-satanistas, ex-trafucantes de várias idades, classes e continentes.

Não nos salvamos com esses testemunhos, mas eles confirmam a veracidade das escrituras sobre a existência do inferno. Você ainda duvidaria da misericórdia e o desespero divinos em salvar a humanidade alertando-a da realidade do inferno conforme as palavras de Cristo? A escolha é tua!

Quando Isaías profetiza a queda do rei de Babilônia fazendo alusão também à queda do anjo rebelde, ele cita um "abismo profundo". Analise o texto:

"Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! Tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do Norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. Mas serás precipitado para o inferno, para o mais profundo do abismo." (Isaías 14:10-11)

Para contrastar o céu, o oposto deveria ser algo profundo, como o abismo das águas conhecido pelos antigos. Mas sejamos sinceros em admitir que os profetas com mentes espirituais e experiências com Deus ao pronunciarem o julgamento de Deus sobre os rebeldes, nem sempre se referiam à uma sepultura ou às águas profundas, mas sim ao mundo espiritual profundo e de trevas. Veja as razões:

  1. O anjo caído que traz o título de satanás era espiritual, então, o abismo referido por Isaías não poderia se limitar à sepultura ou a um abismo físico. O texto de Ap 9:1-11 casa perfeitamente bem com o texto de Isaías, visto que João se refere a satanás como uma estrela caída e como rei de um abismo espiritual.
  2. O senhor Jesus, filho de Deus, afirmou ter visto o mesmo anjo caindo do céu como raio, ou seja, na velocidade da luz. Assim, não faz sentido lhe atribuir uma sepultura como seu castigo, pois ele é um ser espiritual e não morre.
  3. O rei de Babilônia tão orgulhoso e perverso como o anjo rebelde teria o mesmo destino dele. Como já provamos biblicamente temos um corpo espiritual.
Outra passagem, bem conhecida, está em Daniel onde fala de vergonha e desprezo eternos. Claro que muitos judeus sequer entendiam bem o sheol como um lugar de tormento eterno como hoje compreendemos. Diferente deles, inúmeros casos de visões do inferno são relatados todos os anos confirmando assim a veracidade de Cristo em suas palavras. Não precisamos repetir várias vezes que o termo "eterno" também significa "indestrutível", "que dura para sempre", "sem fim".

 "E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para a vergonha e o desprezo eterno." (Daniel 12:2 )

Essa passagem bíblica fala da ressurreição dos mortos e a condenação eterna dos ímpios como já provamos com vários versos. Com isso, não é de admirar que os antigos judeus, bem como os discípulos que eram judeus também acreditavam na existência do inferno. Pedro fala dos espíritos de homens rebeldes antediluvianos em prisão e dos anjos caídos (2 Pe 2:4); Judas, irmão de Cristo, igualmente cita os anjos que pecaram e que estão acorrentados na prisão escura e eterna (Judas 1:6). Se esses dois citaram um lugar de punição para pecadores e tais declarações foram tiradas do livro de Enoque, segue-se que os judeus, com exceções, também criam assim. 

"Os mortos tremem debaixo das águas, com os seus moradores. O inferno está nu perante ele, e não há coberta para a perdição". (Jó 26:5,6)

O senhor Jesus nunca foi questionado, nem pelos discípulos e nem pelos escribas e fariseus acerca de suas palavras sobre o lugar de tormento e da alma imortal. Se isso fosse uma heresia em seu tempo com certeza essa seria uma das acusações contra ele.

Tormento e Destruição são termos diferentes no hebraico e no grego

No hebraico, a palavra para tormento é (inna), que significa "atormentar", "torturar", "afligir". A palavra para destruição é (charav), que significa "destruir", "arrasar", "extinguir".

No grego, a palavra para tormento é (basanismos), que significa "tortura", "tormento", "aflição". A palavra para destruição é (katastrophé), que significa "destruição", "ruína", "acabamento".

Portanto, tormento é um processo que causa sofrimento, enquanto destruição é um evento que causa a cessação da existência. Atente para o que afirma o apóstolo João:

"E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio." (Lucas 16:23)

"E o diabo, que os enganava, foi lançado no lago de fogo e enxofre, onde estão a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre." (Ap 20:10)

"E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que lhe deviaAssim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas." (Mateus 18:34,35)

No último versículo o devedor não sairia do tormento até que pagasse tudo o que devia. Com isso, alguns teólogos e estudiosos entendem que haverá um fim para o sofrimento dos pecadores. Entretanto, quem pagará a dívida deles para com Deus sendo o sangue de Jesus o único meio de pagamento, o qual foi deliberadamente rejeitado?

O que Deus diz?

Um dia eu acordei já com a minha alma aflita pensando no sofrimento de pessoas no inferno. E a pergunta que não quer se calar, mas deveria: "Por que um Deus tão bom e amoroso deixaria as pessoas sofrendo em um lugar de tormento e ainda em meio às chamas?" Essas indagações são feitas por muitos que chegam a blasfemar e não escondem a sua revolta contra Deus! No entanto, para os cristãos que o amam e são tentados a isso, aqui vai algumas considerações:

  1. Quem quiser ser discípulo de Cristo deve renunciar a própria vida (Lucas : 14:26)
  2. Amar a Deus acima de tudo (Mt 22:37) e acima dos obstinados que estão no inferno por causa de seus próprios pecados.
  3. Devemos fazer o que for preciso para ajudar ao próximo nesta vida, após a morte nada podemos fazer.
  4. É tolice acrescentar mais dores ao nosso sofrimento imaginando o que os pecadores estão sentindo no inferno. Eles são responsáveis pelos seus atos.
  5. Cristo é a nossa paz e devemos agradecer-lhe por ela.
  6. A salvação é individual e é oferecida a todos.
  7. Deus trata os pecados como crimes que merecem punição, mas no caso do pecado que não pode ser purificado, a não ser pelo sangue de Cristo, o castigo é infinito e sem recursos de remissão, uma vez que o redentor foi rejeitado.
  8. O senhor Jesus te pergunta como perguntou a Pedro: "Amas-me mais do que a estes?"
Como comecei a dizer acima, foi exatamente esta a pergunta que o Espírito Santo me fez , enquanto eu me afligia por aqueles que estão no abismo terrível: "Amas-me mais do que a estes?". Se o inferno não existisse ele me repreenderia dizendo que eu estava errado em achar que há pessoas lá.

Deus sempre pôs o ser humano à prova. Ele faz isso porque deseja ver o que esconde no mais profundo de seu coração, aliás, não deseja ser retribuído de forma ingrata e não quer que nenhum dos seus se perca. É difícil, mas ele nos ajudará. Quanto aos ímpios o anjo disse a Daniel: "... os ímpios procederão impiamente" (Dn 12). Mesmo sabendo da realidade assombrosa do abismo de fogo e do justo juízo de Deus eles continuam a zombar e a blasfemar de Deus, mas chegará o seu destino caso não se arrependam.

A verdadeira igreja acredita na existência inferno!

Nota: todos os artigos deste blog não tem a intenção de criticar e ofender qualquer igreja ou denominação. O objetivo é levá-lo a estudar a palavra com bases nos textos sagrados e decidir por si a sua posição bíblica-teológica diante de Cristo.

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