O JUIZO INVESTIGATIVO E A PURIFICAÇÃO DO SANTUÁRIO CELESTIAL


No livro "O Grande Conflito", Ellen White cita duas doutrinas que distorcem as escrituras sagradas: o Juízo Investigativo e a Purificação do Santuário celestial. Mas o que seriam essas doutrinas ensinadas pela igreja Adventista do Sétimo Dia? Têm base bíblica e respaldo nas doutrinas apostólicas referentes à expiação proporcionada por Cristo na cruz?

Antes de tudo, pare de justificar os teólogos de hoje em tudo o que dizem, em vez disso, examine os seus ensinamentos e veja se estão de acordo com todo o contexto bíblico. Alguns podem até parecer bons e justos, mas a boca fala do que está cheio o coração. Portanto, compare você mesmo as suas palavras com a são doutrina! Paulo exortou a seu discípulo:

"Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem." (1 Timóteo 4:16)

O Juízo Investigativo

No capítulo 28, "O Julgamento", Ellen White afirma:

"A obra do juízo investigativo e apagamento dos pecados acontecerá antes da segunda vinda de Jesus. No cerimonial simbólico, o sumo sacerdote saía e abençoava a congregação. Da mesma maneira, quando Seu trabalho como mediador terminar, Cristo aparecerá “sem pecado, aos que o aguardam para a salvação” (Hb 9:28, ARA).

O Juízo Investigativo, segundo a crença da Igreja Adventista do Sétimo Dia, é um processo que se iniciou em 1844 no Santuário celestial, onde Jesus Cristo, como Sumo Sacerdote, está realizando uma obra de investigação dos registros da vida de todos os que já professaram crer em Deus. O objetivo dessa investigação é determinar quem, entre os mortos e os vivos, está apto a receber a vida eterna.

Se os cristãos começaram a ser investigados a partir de 1844 há uma contradição, uma vez que ainda os cristãos ainda vão comparecer diante do tribunal de Cristo após a volta de Cristo (Romanos 14:10). Outro problema é aceitar tal doutrina que vai contra o caráter justo de Cristo que está julgando os mortos sem que estejam presentes para dar conta de si mesmos. Segundo Paulo, teremos de comparecer junto ao juiz. Além disso,  Paulo afirma que o próprio Deus é quem justifica o seu servo (Romanos 8:33); que o próprio Cristo intercede por nós (Romanos 8:34); e o próprio Espírito Santo nos santifica e intercede por nós (Romanos 8:27) apesar de nossos erros e pecados. A única forma de se perder a salvação é abandonar a graça e se apegar ao pecado.

Segundo a bíblia o tribunal de Cristo será uma realidade futura (Romanos 14:10) e igualmente o juízo final  (Apocalipse 20:12). Hoje estamos sob a graça pelo sangue de Cristo e a  misericórdia divina. Sacerdote e juiz são duas funções diferentes e o santuário é para culto e não para julgamentos. Não precisamos citar aqui o objetivo do tabernáculo levantado no deserto, não é mesmo?

A purificação do santuário celestial

No capítulo 23,  "O Santuário", White cita uma remoção dos pecados do santuário como algo em continuidade no céu desde 1844. Vejamos:

"Assim como no cerimonial simbólico havia uma obra de expiação no fim do ano, antes que a obra de Cristo em prol da humanidade termine, há um trabalho de expiação a ser feito para remover os pecados do santuário. Isso começou quando as 2.300 tardes e manhãs terminaram. Nessa ocasião, nosso Sumo Sacerdote entrou no lugar santíssimo para purificar o santuário".

O texto acima subentende que o Cordeiro de Deus ainda está fazendo a expiação e cada vez que pecamos os nossos pecados mancham o santuário celestial, fazendo-se necessário removê-los de lá! Segundo Ellen G. White o senhor Jesus entrou como sumo sacerdote no Santo dos Santos ao terminar as 2.300 tardes e manhãs, em 1844. Isso faz concluir que Cristo não consumou a sua obra logo no primeiro século!

Todos os adventistas devem entender que a justificação para a sua existência como um movimento religioso é baseada numa interpretação herética de Willian Miller e de Ellen White e tudo começa com o Grande Desapontamento das predições Mileritas.  Podemos confirmar isso em alguns textos interpretados de forma equivocada:

"E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado." (Daniel 8:14)

Conforme Ellen White o senhor Jesus entrou no santuário do céu ao terminar as 2.300 tardes e manhãs, ou seja, em 1844  e aqui se inicia o juízo investigativo e a purificação do santuário, mas em lugar algum Daniel cita o santuário celestial e sim o terreno. O santuário celestial não precisa ser purificado e não pode ser pisoteado e nem os sacrifícios diários podem ser impedidos (Dn 8:12,13). Todo estudioso sincero sabe que Daniel se refere ao templo judaico. No capítulo 24 do "Grande Conflito", a senhora White faz uma interpretação subjetiva e tendenciosa de um texto de Daniel para justificar o "Grande Desapontamento" das predições de Miller para 1844:

"Cristo não viera à Terra, mas ao lugar santíssimo do templo celestial: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem” – não para a Terra, mas – “dirigiu-se ao Ancião de Dias, e O fizeram chegar até Ele” (Dn 7:13, ARA).

O texto é nitidamente distorcido para justificar porque Jesus Cristo não veio na data prevista de 1844, afirmando que a sua volta nessa profecia não seria à terra mas ao templo celestial, o que não está conforme a exegese, já que todas as vezes que Daniel cita o termo santuário se refere ao templo judaico que seria pisoteado, seu culto seria impedido e  também seria contaminado pela abominação desoladora (Dn 8:12:13), e tais coisas não poderiam ocorrer no santuário celestial.

O ato simbólico da expiação e remoção dos pecados era, no A.T,  baseado no sangue de animais e de modo cerimonial. Cristo fez a nossa expiação de uma vez por todas e agora intercede por nós. Não há necessidade de se repetir o ato de apresentar o seu sangue a Deus no santuário celestial:

"Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção". (Hebreus 9:12)

O escritor de Hebreus afirma que Cristo entrou apenas uma vez no santuário, afirmando que a expiação dos nossos pecados já fora finalizada. Quando White cita em sua obra: "Enquanto os pecados são removidos do santuário", sugere que Cristo ainda está lá repetindo a sua obra expiatória à semelhança dos sacrifícios sacerdotais da lei de Moisés. E como era de se esperar, o espirito de escravidão da lei mosaica se esconde em palavras aparentemente sábias e reveladoras manipulando a mente dos incautos. Na sua ideia os pecados são transferidos para o santuário e, portanto precisa ser purificado. Ela se encosta no cerimonial do A.T.  Ainda no capítulo 23 do subtítulo: " O Santuário", Ellen diz:

"Essa era a obra que acontecia ao longo do ano. Os pecados de Israel eram transferidos dessa maneira para o santuário, e se tornava necessário um rito especial para removê-los".

"Na obra da nova aliança, os pecados dos pecadores arrependidos são colocados sobre Cristo pela fé e transferidos de fato para o santuário celestial".

Dessa forma conclui que os nossos pecados também são transferidos para o santuário celestial o qual precisa de purificação, à semelhança do tabernáculo terreno dos judeus. Parece que ela enxergava os pecados como "metais atraídos por um imã" os quais se fixam no santuário, assim como os muçulmanos tocam na pedra da Caaba supondo que seus pecados serão transferidos para a mesma. White entendeu que os nossos pecados entram com Cristo no santuário espiritual! Segundo o profeta João, a Jerusalém celestial onde está o santuário é santa e jamais entrará ali imundices:

E não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro". (Apocalipse 21:27)

Segundo Ellen, os pecados de Israel eram transferidos simbolicamente para o tabernáculo o qual precisava depois ser purificado pelo sumo sacerdote. Por outro lado os nossos pecados são levados por Cristo de fato para dentro do santuário celestial o qual precisa ser purificado, o que caracteriza uma doutrina profana e blasfema, já que o céu não pode ser contaminado com pecado algum.

Mas onde está a confusão? Quando o escritor aos Hebreus cita o tabernáculo celestial muitos entendem que Jesus adentrou com o seu sangue lá , o que não pode ser verdade. Como havia dois compartimentos para os serviços sacerdotais, o lugar santo e o lugar santíssimo, entendemos que a primeira parte é a Jerusalém terrena onde Cristo foi sacrificado no altar da cruz e fez a libação de seu sangue, pois o sacrifício tinha de ser físico como os animais eram físicos sob a Torá. Assim também o sangue de Jesus e seu corpo eram físicos e não espirituais.

A segunda parte do templo ou tabernáculo corresponde ao santíssimo lugar, ou seja, o céu, onde Cristo intercede por nós como sumo sacerdote. A ideia que o escritor aos Hebreus nos traz é que não há necessidade de Cristo entrar e sair do céu várias vezes com sacrifícios, visto que ele fez isso uma vez por todas no santuário, o qual agora parece estar fechado já que não precisa mais de sacerdotes à semelhança de Cristo! Observe o versos e as palavras em negrito:

"Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade... " (Hebreus 8:1)

"E abriu-se no céu o templo de Deus... " (Apocalipse 11:19)

Como sumo sacerdote ele não está em pé ministrando e nem fazendo expiação pelo crente e pelo santuário. Da forma como o sumo sacerdote ficava diante da Shekinah divina no Santo dos Santos, Jesus Cristo permanece para sempre diante Deus sem a necessidade de sair e entrar várias vezes como fazia o sacerdote terreno. O seu sangue expiatório já foi oferecido na cruz!

O mistério é grande : temos a Jerusalém terrena onde o cordeiro foi oferecido fisicamente como sacrifício expiatório. Essa corresponde simbolicamente à primeira parte do santuário. Depois, temos a Jerusalém celeste onde Cristo entrou como sumo sacerdote, o céu, o Santo dos Santos. Neste, à direita de Deus, ele intercede sempre por nós. Não precisamos ir além disso!

Todas as vezes que Jesus é visto como um sacerdote no N.T ele sempre aparece intercedendo por nós e não fazendo expiação no céu. Expiar é diferente de interceder. Quando a carta aos Hebreus cita o santuário celestial se entende o céu, onde Cristo entrou para interceder por nós à direita de Deus, pois a sua oferta de sangue já foi consumada na cruz! O sangue tinha de ser físico, material, tal como era o sangue dos animais sob o antigo pacto.

Se a expiação não fora concluída na cruz, então, não ocorreria os fenômenos narrados nos evangelhos como a promessa do paraíso ao malfeitor (Lc 23:43); as trevas até a hora nona (Lc 23:44), o véu rasgado ao meio (Lc 23:45), e Jesus Cristo não poderia dizer: "Pai, está consumado". O seu trabalho foi perfeitamente realizado e o seu efeito sentimos pelo Espírito da Graça enviado aos nossos corações para a santificação:

"E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus." (I Coríntios Cap. 6:11)

Não o amigo(a)! Ela não quis dizer que esses pecados estavam apenas registrados nos livros, mas sobre Cristo e contaminando o santuário também!

Um texto de Leandro Quadros

O professor Leandro Quadros da Igreja Adventista do Sétimo dia ensina o seguinte:

"É bíblico que Ele, antes de começar sua obra no Lugar Santíssimo, iniciou a primeira parte de Seu trabalho no Céu (de intercessão) no Lugar Santo (hoje ele acumula a função de Intercessor e Sumo Sacerdote desde 1844, quando adentrou no Lugar Santíssimo para cumprir a outra parte de Sua tarefa, a de Sumo Sacerdote e Juiz... "

"Jesus quer dizer perante todos os anjos e seres de outros mundos durante o juízo investigativo que és digno da salvação e de continuar tendo seu nome no livro da vida porque continuastes firme ao Seu lado! Nunca desistas do Senhor, pois a recompensa virá quando Jesus voltar para buscá-lo... " (Fonte: https://biblia.com.br/perguntas-biblicas/expiacao-de-jesus-e-juizo-investigativo)

Uma vez que Cristo é chamado de sumo sacerdote o dever dele perante Deus era entrar no interior do véu, isto é, no céu e como ofereceu um único sacrifício para a expiação dos crentes na terra não houve necessidade de se deter na primeira parte do santuário até 1844. A confusão, além disso, se acentua quando tentam combinar o juízo de investigação ao trabalho sacerdotal do Messias. Segundo as escrituras, o trabalho do sumo sacerdote era fazer a expiação e interceder pelos pecadores e não fazer ali juizo sobre a situação dos pecadores, senão interceder compassivamente por eles e não poderia ser diferente com Cristo. Vejamos o que afirma a verdade:

"Porque todo o sumo sacerdote, tomado dentre os homens, é constituído a favor dos homens nas coisas concernentes a Deus, para que ofereça dons e sacrifícios pelos pecados; E possa compadecer-se ternamente dos ignorantes e errados; pois também ele mesmo está rodeado de fraqueza." (Hebreus 5:1,2).

O senhor Jesus não precisa provar aos anjos ou aos "mundos" se somos ou não dignos de salvação. Paulo disse que o próprio Deus nos justifica:

"Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica".

"Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós". (Romanos 8:33,34)

"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus". (Efésios Cap. 2:8| ARC)

Sabemos que o tabernáculo de Moisés foi levantado para sacerdotes e não para juízes e julgamentos como já disse. Afirmar que o seu trabalho sacerdotal começou em 1844 é negar a conclusão do mesmo já naqueles dias. Se não, vejamos:

"Filhinhos, escrevo-vos, porque pelo seu nome vos são perdoados os pecados". (1 João 2:12)

"O qual nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor...  Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados." (Colossenses 1:13,14)

Os textos acima são claros em afirmar que a intercessão sacerdotal de Cristo começo já no primeiro século e não em 1844. Existem dezenas de outros textos provando isso. Como muitos conseguem crer no contraditório?

Nenhum cristão sincero precisa ser investigado por Cristo senão ajudado pelo seu amor e misericórdia na cruz! E mesmo em face de nossos pecados e fraquezas ele nos ajuda e intercede por nós. Façamos a nossa parte em andar com retidão para a glória do trabalho sacerdotal do senhor Jesus iniciado já no primeiro século e confirmado pelo derramamento de seu Espírito Santo em Atos 2.

Se Deus fosse investigar quem está ou não apto para a salvação ninguém teria recebido ainda o seu Espírito de adoção de filhos. Quem nos torna aptos é o senhor Jesus. A obra de salvação foi terminada na cruz e validada quando Cristo ressuscitou e entrou no céu, de uma vez por todas, para interceder por nós.

Quando a bíblia cita a redenção ou salvação para o futuro, o entendimento é que Cristo ainda revestirá o nosso corpo mortal e corruptível de imortalidade e incorruptibilidade (1 Coríntios 15:54) e tudo por seu único e exclusivo trabalho de redenção iniciado já no primeiro século e não em 1844.

Assim, a única forma de sermos rejeitados por ele é resistir ao seu Espírito da Graça que trabalha continuamente pela nossa santificação.

O ensino de alguns doutores subentende que temos parte no plano de salvação divina, como se Deus tivesse de dividir a sua glória e que o plano salvífico de Cristo é incompleto. Longe de Deus isso! O fato é que a graça divina e toda a sua obra em Cristo é que nos leva ao arrependimento e à consciência de uma vida santa e justa perante ele. Portanto a glória e a honra são apenas do Pai e de Cristo Jesus pela sua obra expiatória na cruz!

Eis a verdadeira doutrina da graça e da obra expiatória do filho de Deus! É tudo por ele e para a glória dele. Toda intercessão de Cristo no céu em favor de sua igreja é baseada no seu sangue derramado na cruz. O véu do santuário já foi rasgado faz tempo e até os filhos de Deus podem entrar diretamente lá pelo sacrifício de Cristo. O acesso ao pai é direto, sem arca, sem a necessidade de um Santo dos Santos fechado e escuro. É um novo e vivo caminho! Ele é o sacerdote da própria casa de Deus, isto é, da igreja! ( Hebreus 10:20,21; 1 Co 3:17)

Guarde isso: não haverá perdão e salvação para quem viver em heresias, as quais sãos mentiras e nenhum mentiroso entrará no reino de YHWH. Consentir com tais heresias é fazer de Deus um mentiroso.

Paz sobre a sua vida e família!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente e ative as notificações para receber mais conteúdos.

Novas Postagens

Todas as Terças e Quintas-Feiras

A CONFIABILIDADE DA BÍBLIA

Evidência histórica Existem diferentes métodos científicos de avaliação de evidências.  Por exemplo, em um experimento químico, usamos o mét...